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Somos o copeiro do banquete dos ricos

O Conversa Afiada não se cansa de reafirmar com o professor Wanderley Guilherme dos Santos que o Brasil está irremediavelmente condenado a ser o copeiro do banquete dos ricos, enquanto o Primata do tal neolibelismo insiste em que a reforma da previdênssia cura até dor de corno, quanto mais a obsolescência tecnológica!

A nova poção mágica virá da entrega da distribuição do gás aos interesses privados, através de uma pirueta que o Paul Krugman chamaria de corrupção.

Nada disso impedirá o atraso da inovação tecnológica, como demonstrou Ana Conceição, do PiG cheiroso – não passamos de produtores de pau Brasil:

Brasil fica para trás na inovação tecnológica

Quase todos os setores produtivos relevantes para o desenvolvimento da economia, de industriais a serviços, estão bem longe da chamada fronteira tecnológica no Brasil. Em outras palavras, apresentam baixo nível de investimento em pesquisa. De 37 segmentos analisados num levantamento feito pelo pesquisador Paulo Morceiro, do Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (Nereus-USP), apenas cinco ultrapassam essa fronteira. No outro extremo, um dos piores desempenhos é o de desenvolvimento de softwares, que está na ponta do avanço tecnológico no mundo.

No trabalho do pesquisador, a fronteira é definida pela taxa média do que os setores de alta, média e baixa tecnologia investem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em relação à dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), órgão multilateral em que o Brasil aspira um assento.

“O país está distante na pesquisa e desenvolvimento, seja nos segmentos de alta, seja nos de baixa intensidade tecnológica”, diz Morceiro, cujo trabalho se baseia em informações da Pesquisa de Inovação (Pintec), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de dados colhidos via Lei de Acesso à Informação sobre os recursos investidos por organizações públicas como Embrapa, Fiocruz e institutos da Marinha e da Aeronáutica. O trabalho foi feito em parceria com Milene Tessarin, pesquisadora da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

No mundo, o “filé mignon” do desenvolvimento tecnológico é realizado por apenas 13 setores dos grupos de alta e média-alta tecnologia, que reúnem a produção de aviões, desenvolvimento de sistemas (softwares), produtos farmacêuticos, informática e eletrônicos, armas e munições, automóveis, máquinas e equipamentos, químicos, serviços de informação, entre outros. Deles, dez pertencem à indústria, e três, aos serviços. No Brasil, os segmentos que mais investem em P&D – como o de fabricação de aviões e o farmacêutico – são os mesmos da OCDE. As diferenças são a magnitude e a origem do investimento. Enquanto no caso brasileiro, a maior parte (60%) do aporte é feita pelo Estado por meio das universidades públicas, autarquias e institutos de pesquisa, no grupo dos países mais ricos, cerca de 75% dos investimentos têm origem no setor privado. Os países da OCDE respondem por cerca de 80% da pesquisa e desenvolvimento no mundo. Fora do grupo, o país mais relevante na área é a China.

Olhando apenas para os segmentos de alta intensidade tecnológica, os países da OCDE investem em P&D 24% do valor adicionado bruto em equipamentos de informática, eletrônicos e óticos, enquanto no Brasil essa parcela é de 10%. Em produtos farmacêuticos, a OCDE chega a 28%, contra 5% no Brasil. Em outros equipamentos de transporte, que inclui a produção de aviões e a construção naval, o percentual do bloco é de 20%, quase o dobro do brasileiro (10,7%). É ali que está classificada a Embraer, por exemplo.

No segmento de desenvolvimento de softwares, classificado em serviços, a diferença é gigantesca, com uma parcela de 29% do valor adicionado bruto do setor investida em P&D na média das nações da OCDE, para apenas 4,5% no Brasil. “Este é o segmento em que o país deveria estar caminhando mais. Ali está o núcleo da transformação tecnológica do mundo e da quarta revolução industrial”, diz Morceiro. No mundo, é onde entram Microsoft, Oracle, Alphabet (Google) e SAP, observa o pesquisador.

Por Conversa Afiada

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