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Estamos em tempo de reflexão. Vivemos no Mundo, mas não basta remar, precisamos seguir uma orientação. A época é de vazio, trazendo o momento para se encontrar uma nova leitura da História. Não deixar que ela se escoe para o nada. Como disse Eurípides há muito tempo: ‘O esperado não se cumpre e ao inesperado um deus abre o caminho’.

Contudo, enquanto esse deus não aparece, precisamos encontrar um fato novo. Os homens estão sempre à procura de algo; não aceitam a falta de continuidade que o Mundo lhes dá e se agarram ao primeiro tronco a passar pelo rio da vida. Só que agora, neste século 21, a História é uma ciência a ser pensada. Precisamos nos agarrar em algo que nos leve a algum lugar. Chega de ilusão.

A História não é para ser vivida como os dias da Natureza: é para ser antecipada. A palavra considerada mais bonita entre os ingleses é ‘serendipity’. Significa a sensação de descobrir algo desejável acidentalmente. Esse é o temor do historiador: chegar a 2050 acidentalmente. A História precisa ser tratada como ciência, mesmo que não consiga.



É hora de reinventar o Mundo se quisermos chegar a 2050. Um Mundo velho padece. Estaremos numa marcha de insensatez a não entender a oportunidade histórica que o conhecimento está oferecendo como agente organizador da História. A nossa mídia se focaliza mais em questões como terrorismo, economia financeira, desigualdades sociais do que na percepção do conhecimento. O paradoxo é que, em plena Era do Conhecimento as suas narrações não se utilizam da palavra conhecimento.

Escrever a História é o papel que cabe ao historiador. Não é mais estranho fazer a projeção conhecimentista. O capital e o trabalho não mais são aqueles argumentos incisivos que levantaram as multidões dos séculos 19 e 20. O rio de Heráclito seguiu, e, embora os Fóruns Globais e o Vaticano tenham passado ao largo, o novo argumento é o conhecimento. De sua magia é que resultará as condições de vida daqueles que habitarão o século 21. Sendo assim, o momento nos leva a que a História deva ser uma ciência a ser pensada em termos da variável ‘conhecimento’.

As religiões e o cinema não se cansaram de falar da variável ‘amor’. Colocaram a estrada humana na busca do sonho do amor. Na esperança de que no final dessa estrada exista o encontro de uma suprema felicidade. Essa crença tem sustentado os Livros Sagrados e Hollywood. A questão é se encontraremos uma interpretação para o sentido de conhecimento capaz de provocar a mesma plenitude de alma do amor.

Assim como amor, o conhecimento surge como uma pulsão inevitável. Contudo, diferentemente do amor que já nasce pronto (e depois destruímos), o conhecimento necessita ser construído. Ele nasce para se chegar a algum lugar. E, semelhante ao do amor que quase sempre nos deixa na chuva, o conhecimento nos ilude que saímos da escuridão. Contudo, ambos dividem um mesmo desejo: o da paixão impossível. No caso do conhecimento a de que um dia irá entender o funcionamento do Universo.

A novidade numa Era do Conhecimento é a de que nos deparamos com o fato de o conhecimento ter-se de conhecer. Compreender as suas entranhas. A isto, entendemos como ir identificar a existência de uma ideologia do conhecimento. Dar uma vida a si próprio. Entender que o conhecimento tem razões que a razão desconhece.

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