Em 1901, o presidente americano Theodore Roosevelt classificou a América Latina de ‘Bananas Republic’. Estava certo. O seu século 20 foi o do predomínio das ditaduras. No Brasil, tivemos 15 anos do período Vargas e 21 do período militar. Não conseguimos ter povo, apenas elite.
A nossa incapacidade foi a de não conseguir fazer História. Tomar um rumo, igualmente como os Estados Unidos o fizeram a partir de sua independência em 1776. Atuamos sempre no varejo, nunca na História. As nossas insurreições sempre foram contra um tal regime capitalista. Não queríamos entender que a civilização sempre foi capitalista desde que trocou o escambo pela moeda. Sem horizonte, ficamos no ‘bananas lemma: Yankees fora!…’
Neste quadro, o Brasil sempre foi chamado de o país do futuro. Um futuro que havia começado lá trás com Tiradentes, mas teve de esperar e esperar, até que no século 20 avistou o tenentismo, a coluna Prestes, a era Vargas. Mas, que também não chegou… Só começou a tomar forma quando em 1954 aconteceu o suicídio de Getúlio Vargas. A partir de então, a História do Brasil moderno ganhava as polarizações de luzes e trevas necessárias para construir seus caminhos. Na própria década de 50, aconteceria a vitória do golpismo de Lacerda (trevas) e o governo de Juscelino (luzes). Ao menos, havíamos encontrado os nossos pólos para fazer História.
Depois da religião, a política é o setor que mais se energiza com essa dicotomia de luzes e trevas. Acende o seu palco. Antes de Hamlet e seu drama shakespeareano entre o céu e a terra, é a política que se alimenta por luzes e trevas. Em seus contrastes desenha a História. Entretanto, para uma Banana Republic tomar consciência é necessário de mais trevas. O Golpe conservador dos anos 50 não bastou. O Golpe de 64 nos trouxe outro tempo das trevas que precisávamos para nos entender. O período da História para criarmos músculos psicológicos. Novamente, não bastou. Necessitamos do Golpe 2016. Não se levanta um futuro apenas com idéias, sem músculos psi elas se divagam em utopias. E assim, vivenciamos a escuridão da falta de expressão.
Neste terceiro terreno das trevas a sociedade brasileira deverá germinar, até encontrar, o seu caminho de fim do túnel. Uma luz que aos poucos irá chegando, não sabemos quando. Só nos resta acreditar e prosseguir.