O Brasil é o único país no Mundo em que o ano começa após o carnaval. Durante quatro dias o verbo se faz carne; no restante se transforma em capital.
A revofolia terminou. Os blocos deixam suas fantasias. O dia seguinte chegou. O Céu na Terra, Escangalha, Que Merda é essa? , voltam para casa. Faz-se silêncio nas ruas. Voltamos à medíocre rotina. A do vício no dinheiro.
O capital carrega uma alma atormentada. A qual para fluir sem obstáculos assume a qualidade aética. Acontece que é ela que deve nos acompanhar pelo resto do ano. A sua obsessão pelo lucro leva os homens a interesses escusos e a uma moral sem ética.
Após o carnaval, o decorrer do ano é para sermos levados pelo monobloco capitalista. Somos capturados pelo capital, submetidos à sua lógica, ao seu interesse de acumulação. Os nossos passos ficam obrigados a seguir o modo de produção capitalista. Essa é a dança do índio, aquele que quer apito.
O capital é samba de uma nota só: lucro, lucro e lucro. Esse é o seu enredo. Nada nos resta, ou viramos foliões capitalistas ou, ficamos a sonhar com o próximo carnaval. A acreditar num novo acontecimento à existência humana. Existem outras coisas pedindo passagem. Ô abre-alas eu quero passar, ouve-se o bumbo da História.
Desta vez, não sabemos o quanto a multidão estará disposta a acompanhar o ritmo da Era do Conhecimento. As multidões precisam ser entorpecidas e o samba, o capital e a liberdade fazem isso muito bem. Como despertar a multidão ao conhecimento?
Por MELK