O século 21 traz a fusão do iluminismo com a economia. Inspirado na Revolução Francesa o iluminismo surgiu no século 18 como um movimento em busca da razão, da ciência, do estado laico.
A novidade 21 está o surgimento da razão associada ao capital. Para alguns uma impossível mistura, para outros um novo dinamismo. O fato é que a sobrevivência das empresas e dos empregos está na capacidade de misturar esses dois ingredientes.
Da relação entre razão e capital surge a dialética do conhecimento. Uma nova relação a entender que sem vendas não há criação. Não basta gerar teorias e tecnologias se não forem capazes de irem ao mercado e vender. A dialética do conhecimento chega para derrubar a torre de marfim intelectual. Da equação é necessário chegar ao cifrão.
Vivemos sob o iluminismo do upgrade. O desafio é que um produto ou uma modelagem devem estar em continua renovação. A indústria automobilística sabe que anualmente deve lançar uma nova versão de seu carro. Vender e reinvestir na criação do novo modelo é a perspectiva desenvolvimentista da época.
O dilema da dialética do conhecimento funcionar é que a relação entre conhecimento e capital seja estabelecida através de criação e venda. Momento de não apenas unir a antiga divisão de universidade Humboldtiana (saber universalista) e Napoleônica (saber técnico) como estabelecer a relação entre educação-ciência-inovação-econômia.
No entanto, a relação entre razão e lucro é desafiante. Os seus princípios são contraditórios. Enquanto, a razão se propõe a elevação do Caminho da Mente, o capital possui uma natureza aética. Provocando um choque entre relações díspares. À alma misturar o ético com o aético é uma traição às origens. Igual a sofrer um assassinato.
A civilização está diante desse desafio ontológico. Capital e razão não se misturam. O resultado é que um irá predominar sobre o outro. Apresentar um valor a estabelecer o domínio da ética ou da aética. Eis a questão. Decifrar esse nó górdio entre a aética e a ética antecede a conquista do progresso.
— Entre a cultura e o progresso há um nó górdio a ser desatado.
A dialética capital-trabalho se preocupou sobre o predomínio do capital sobre o trabalho. A estipular a noção de mais-valia. A formatar a defesa da classe trabalhadora diante da opressão do capital. Estamos num tempo diferente. A Era do Conhecimento obriga o conhecimento se relacionar com o capital, contudo, se nada for feito, o conhecimento será conduzido aos interesses do capital.
Neste cenário surge a presença da virtualidade. Vivemos uma Era do Fato. O desenvolvimento cultural e da telecomunicação faz com que a História atual esteja sendo formatada por fatos. Os acontecimentos já não mais são feitos pelo mundo natural mas pelos fatos produzidos pelo homem. A partir deles, movimenta os seus braços e pernas oriundos da evolução natural.
A Big Picture a comandar a civilização é a unificação entre trabalho, conhecimento e capital. Uma composição a ser integrada através da virtualidade. As arte, ciências, economia, justiça, mídia estão sob sua determinação. Pueril afirmar que essas áreas do conhecimento são movidas somente pela razão. As suas construções dependem não somente do apoio do capital como do nó górdio entre conhecimento e capital.
— Quem vai desatá-lo?
A História não se repete. Não estamos mais no século 18 da revolução francesa nem no século 19 da revolução comunista. Os ares mudaram. O novo enfrentamento da dialética do conhecimento não é simplesmente a relação entre razão e capital. O seu nó górdio está entre os lados aético e ético. Portanto, conforme o desenlace, o século 21 capitulará como a era do dinheiro. O nosso contato com a verdade e realidade terminarem em favor do lucro.
Estamos num mundo cego. O valor do dinheiro se sobrepôs. Se tornou o bem único, e ganhá-lo em grandes quantidades é o objetivo maior. A vitória do capitalismo na dialética do conhecimento provocará o estabelecimento da amoralidade. No entanto, mesmos os filósofos não se interessam pela ontologia capital-razão. Ninguém quer desatar esse nó górdio.
Por MELK