Desde 2011 com o início da Primavera Árabe as pessoas tem ido às ruas para manifestar sua indignação contra o sistema. Nada aconteceu. O movimento Occupy Wall Street clama que apenas 1% dos americanos são beneficiados da economia americana. O sistema permanece.
Muitos se propõe a fazer Historia, a planejar seus acontecimentos e acabam em desenganos revolucionários. Ao mesmo modo, muitos se propõe a escrever trabalhos científicos, a desenvolver uma linha de produção de papers e seus papéis acabam indo para a lata de lixo. Não é simples se tocar na Natureza e na História. Precisamos entender exatamente o que está em jogo. Existe sempre uma profundidade a se desvelar maior do que nossa pueril imaginação.
A Natureza e a História estão sempre a bater em nossa porta. Hoje, o sentimento comum é que necessitamos de uma nova política. Buscar algo novo e moderno. Não foi a História que acabou, mas a dicotomia esquerda-direita que esgotou. As lutas sociais continuam, mas não conseguimos produzir, nem nova esquerda nem nova direita. Ficamos nas acusações antigas onde o setor financeiro prevalece.
O livro do economista francês Thomas Piketty, O Capital no século XXI, analisa o predomínio do rentismo (financeiro, imobiliário etc). Mostra que a locomotiva do capitalismo não é mais a dos capitães de indústria e dos produtores rurais, mas a do predomínio do sistema financeiro. Diz que: ‘Os ricos ficarão sempre cada vez mais rapidamente mais ricos, pois dispõe de um estoque de rendimento de capital que traz significativamente mais rendimento do que o trabalho.
Vivemos uma distorção do sistema capitalista onde aceitamos o capital ter um rendimento maior do que a produção de bens. O resultado esta no relatório global sobre renda – o Global Wealth Report 2014 – no qual aponta que a metade mais rica do mundo detém praticamente da riqueza global e a metade mais pobre da população menos de 1% da riqueza total.
Neste cenário é que devemos procurar por uma nova política. Sair da visão de que a prosperidade depende da confiança no sistema financeiro. Precisamos ir entender como estabelecer a economia real (a que gera produtos e empregos) numa sociedade científico-tecnológica. Sem a fundamentar é perigoso ficar repetindo o refrão ‘política nova’. Não podemos ser levianos em expressões novas. A História repele aqueles displicentes com suas oportunidades. Condena a sentença de descobrir o quanto a Humanidade pode ser miserável.
Neste dilema encontra-se o conhecimentista. O seu ensejo é participar na História do século 21 através do conhecimento e o desafio está em introduzir uma nova política. Entende que o caminho está em ir além do rentismo de Piketty. O seu livro mostra que as coisas se movem para assegurar aos endinheirados uma fatia da riqueza superior aos desenvolvimento médio da economia. Entretanto, esse é um quadro estático, uma fotografia das coisas. Para o conhecimentista, a supremacia do rentismo é apenas a superfície de algo mais profundo. A ela devemos nos dirigir, se quisermos entender sobre a dinâmica que move a sociedade.
Chegamos à época em que as coisas partem da virtualidade. Numa Era do Conhecimento o natural deve ser visto a partir do virtual. Portanto não á mais o comunismo que tratará a questão da desigualdade. Precisamos ir além de Marx. Falar de espaço psicológico, virtualidade, realidade, verdade, espetáculo. Sermos movidos por uma economia onde o que conta é o conteúdo. Economia não é feita somente para salvar os pobres e dar boa vida aos ricos. É para apoiar o desenvolvimento de significado.
Esse é o tema que o conhecimentista se invoca. O seu fundamento está na geração de conteúdo. A partir dele gera-se trabalho, riqueza, emprego. Sem a sua presença voltamos ao mundo natural e não passamos de uma economia das commodities. Portanto, a sua procura por uma nova política deve ser baseada na construção de conteúdo. Em geral os políticos falam muito de educação e pouco de conteúdo. Não entendem a necessidade de se integrar educação-ciência-inovação-mercado para que um determinado conteúdo consiga florescer.
Nova política, novos diálogos. O propósito do conhecimentista é o de trazer o diálogo do conhecimento. Aprofundar o fato de que antes da economia vem à relação do homem com o espaço psi provocado pelo conteúdo. De que o seu diálogo mais primitivo não está na relação capital-trabalho, mas na dialética do conhecimento. Fazer surgir uma nova política a partir da dialética do conhecimento é a sua missão.
Por MELK