A China coloca sua política industrial à frente das forças de mercado! E o Brasil? O país tem algum plano de desenvolvimento similar ao China Manufacturing 2025. Ou seu único plano é combater a corrupção e promover a privatização…
– Que país é esse?
Estamos num momento medíocre. Não se enxerga a chegada da Era do Conhecimento. Vivemos o obscurantismo de que o país só irá desabrochar se for sanado da corrupção e das estatais. Interessantemente poucos argumentos são dados em contrário. Estamos com uma intelectualidade a não perceber o assalto aos direitos e ao patrimônio do povo brasileiro. A não defender suas riquezas naturais e culturais.
O Brasil paga por ainda não ter feito sua transição da Idade Média para a Idade Razão. A nossa conjuntura nos coloca distantes da contemporaneidade. Em vez de discutir os caminhos para o país entrar na Era do Conhecimento nos voltamos a temas como privatização e corrupção. Não saímos desse chão.
Efêmera é a discussão a respeito do estado mínimo como solução para conduzir o país à Era do Conhecimento. A ilusão de que o Brasil estará de cara nova por combater o crime e a estatização. O tema 21 não é o tamanho do estado ou da corrupção, mas a capacidade de participar da economia do conhecimento. O que define a atividade econômica neste século 21 é o ilumino-capitalismo. A capacidade de gerar conhecimento e o transformar em produto.
O circulo virtuoso é o de gerar conteúdo e vendas. Para isto, o país necessita de caixa para investir em educação – ciência – inovação. O caminho natural está no desenvolvimento de suas companhias estatais. Em 2017, o nosso conjunto de estatais teve um lucro de R$ 25,4 bilhões. Com os seguintes lucros líquidos: Petrobrás (23,72 bi), Banco do Brasil (9 bi), Caixa Econômica (11 bi), BNDES (6 bi). Por que estatizar o que dá lucro?
Metade da população do país depende hoje de recursos repassados pelo governo federal. São servidores públicos, pensionistas, pessoas beneficiadas por programas sociais. Elas transformam o orçamento federal em uma grande folha de pagamento. A sobrevivência dessas pessoas é fundamental para a existência de consumo no país. A pergunta é quanto desse dinheiro para cimentar o consumo, não advém do emprego e lucro das estatais?
O país necessita estabelecer a relação entre economia e conhecimento. Ir além de commodities. Participar do paradigma de que investir na Embrapa significa o aumento na produção da colheita, investir em carros elétricos causa diminuição da poluição, e assim por diante. O país não pode aceitar se tornar um caranguejo e andar para trás.
O imperialismo na Era do Conhecimento se manifesta num modo mais fundamental. As suas forças não mais estão voltadas ao domínio territorial e econômico. O novo domínio é o imperialismo do conteúdo. Em resposta, necessitamos de um Estado capaz de defender suas riquezas tanto naturais como culturais. Não é o mercado, mas o estado o responsável a conduzir o país à Era do Conhecimento.
Por MELK