O Mundo se move através do capitalismo. A sua premissa das trocas fundeia o universo social. Estabelece o significado de valor terreno entre os homens. Contudo, assim como um dia não é igual ao anterior, as concepções de capitalismo também se modificam. Necessitamos de um novo capitalismo capaz de provocar um novo alento aos desalentos da desigualdade e do atraso.

A Humanidade convive com essas duas pragas: a desigualdade e o atraso. A formatação do capitalismo atual está em condicionar as pessoas a pobreza e a ignorância. Não despertá-las à portadoras de consciência. Estamos sob um capitalismo a não compreender o Caminho da Mente a que cada pessoa está destinada.

– Como retirar o homem desse dois relentos?

O marxismo se preocupou com o capital, o liberalismo em ganhar capital e o iluminismo a se servir do capital. Neste globo giramos. Maio 68 não conseguiu se livrar do capital. Em seu revés de utopia desvairada a economia financeira tomou forma. A partir dos anos 1970 a produção capitalista se desligou do lastro ouro.

Há 500 anos atrás, Lutero se rebelava contra o papado acusando de vendas de indulgências. Hoje, o comércio se tornou o da venda de títulos de tesouro nacional. Uma época a discutir os desvirtuamentos da fé, outra os da riqueza. O poder político do Vaticano deturpava o sentido da fé, o domínio da economia financeira desvia de seu sentido original a formação da riqueza.

Somos herdeiros desse sistema de coisas. Estamos sob a égide de uma noção de riqueza estipulada pela economia financeira. Um contexto a privilegiar o não-trabalho sobre o trabalho. As lutas socialistas nos últimos 150 anos Estrela do amanhã, apontai-me um novo capitalismo. A época de pandemia traz a dor, tempo de reflexão e oportunidades. O Mundo vai ter de mudar. Constituir uma nova noção de valor. Uma mudança a ser vista através do capitalismo.

Não basta falar em solidariedade. Necessária é uma nova postura diante da formação de riqueza. Estamos num Mundo que perdeu sua razão econômica. Enquanto os economistas ficam a palpitar sobre o capital, a desigualdade cresce e o atraso não é caracterizado.

Evidenciaram a relação capital-trabalho. Não faltaram discussões, mas a desigualdade aumentou. Ao mesmo tempo muitas são as propostas sobre o aumento de verbas à educação, mas o atraso toma forma.

– Que novo capitalismo redimirá essas situações ?

Nesta condição estamos. Não conseguimos estabelecer um plano de desenvolvimento através do capitalismo. A economia financeira está a dragar os esforços públicos. No brasil 44% de seu PIB está voltado ao pagamento de juros. A desenvolver a filosofia de que devemos vender o patrimônio público para pagar juros escorchantes aos bancos. Contudo, a solução não estará em atirar pedra na janela dos bancos. A questão se volta a desvendar um novo capitalismo.

O Mundo está desafiado a uma nova síntese. Entender o significado de riqueza de uma forma mais profunda. A pandemia acontecendo obriga a encontrarmos um Outro Mundo melhor. Uma nova cultura econômica é esperada. Uma nova maneira de fazer o sistema econômico funcionar.

Necessitamos de uma nova compreensão a respeito da geração de riqueza. Não é o capital que faz a economia girar. A maior importância está no trabalho humano. Contudo, a chegada da Era do Conhecimento nos leva a entender sobre a importância do conhecimento. Não apenas atuando como um elemento de saber, mas como de produção e de bem-estar social.

Talvez estejamos retornando aos primórdios. Quando Prometeu violou as leis do céu e trouxe à terra o fogo sagrado do conhecimento. O momento agora é o de o inserir no meio da sociedade. Ir ao seu íntimo. Ascender esse fogo no meio do capital e do trabalho. Neste desafio a modernidade irá novamente experimentar as dores de Prometeu.

O novo tempo está em fazer o conhecimento se relacionar com o econômico e social. Ir além da perspectiva iluminista. Propor uma sociologia e uma economia do conhecimento a defenderem a cadeia cultural educação-ciência-inovação-economia. Sofrer picadas mas levantar uma causa.

O sistema irá picar novamente. Só que agora aos conhecimentistas. A expectativa está na academia fazer a população entender o novo horizonte que se aproxima. Fazer o dia amanhecer. Mostrar que a partir de uma folha em branco que se constrói o Mundo. Entretanto, a academia está amarrada ao próprio umbigo. Em vez de Prometeu são Quarks sem Causa.

Outro agrupamento esperado a discutir o advento de um novo capitalismo são os partidos políticos. Usarem seu poder de verbo para trazer uma nova época. Mas, polarizados em discussões ultrapassadas, não conseguem se alçar ao novo. Aprisionados a sua grade de refrões nem utopias promovem. Os seus sermões só se voltam aos interesses do Mundo.

O Mundo precisa esmagar seus opressores. Mostrar sua luz. Tanto os partidos políticos como a academia devem encontrar sua honra na História. Não ficarem refém do capital não-produtivo. Irem além do marxismo,liberalismo,iluminismo. Avançar. Impor o estandarte do conhecimento. Introduzir a tríade conhecimento-trabalho-capital.

A expectativa é saber que Mundo emergirá depois da pandemia. A abertura estará em mostrar a sociedade 21 que é o conhecimento que sustenta o trabalho e o capital. A dizer que neste novo tempo a construção de uma sociedade necessitará integrar essas três forças. Não poderemos fugir dessa construção histórica.

O terceiro milênio traz de volta um antigo acontecimento. O de retorno de Prometeu através do capitalismo. O novo desafio está em trazer o fogo sagrado à terra através da tríade conhecimento-trabalho-capital. Essa ser a nova luz do Mundo.

Por Melk