Numa Era do Conhecimento quando o conhecimento se torna o novo agente da História, junto ao trabalho, capital e fé, o Brasil toma o caminho de ser colônia.

Estamos numa época em que a independência de um país está voltada à produção de conteúdo. Não mais vivemos os tempos da relação capital-trabalho dos séculos 19 e 20. Atualmente o que conta é a relação entre capital e conhecimento.

A nova formulação da História está na dialética do conhecimento. A criação não está mais na Bíblia nem na ciência. A nova perspectiva é a de que para se criar necessita vender. Esse é o novo espírito. Do dinheiro arrecadado sustentar o advento do novo produto.

Não faltam companhias saindo de sacola na mão querendo vender seus produtos. Essa é essência da geopolítica atual. Nações, empresas desejam gerar seus produtos, e para isto, necessitam de uma estratégia global de vendas. Ninguém aumenta a produção se não participar do mercado.

O Brasil está diante de dois enfrentamentos: a desigualdade e o atraso. . Historicamente, as pessoas dirigem as reivindicações contra as desigualdades. Essa tem sido a bandeira marxista nos últimos 150 anos. Identifica na relação capital-trabalho o canal sociológico da desigualdade social. Acontece que a História caminhou. A novidade sociológica é o conhecimento como elemento da História.

Estamos sob a égide da dialética do conhecimento. O novo momento não é esquerda-direita, rico-pobre. Numa Era do Conhecimento o dilema é criação – atraso. Ou, o Brasil conseguirá desenvolver a si próprio, gerar o seu espaço psicológico, ou será um empório de serviços e revendas.

O Brasil Colônia está desenganado. O país tem petróleo, ferro, alumínio, tungstênio. A maior reserva potável do planeta. Capacidade de explorar energia hidráulica, eólica, solar, mineral. Mas a cabeça é fraca. Não consegue ir além de ser um produtor de commodities. Não percebe o sentido da dialética do conhecimento que rege a nossa época. Não consegue estabelecer a defesa de seu conteúdo nacional nem uma diplomacia política a buscar mercados. Prefere o caminho da submissão. A de nos submeter à condição de colônia e não atingir os proceres da Era do Conhecimento.

Precisamos acordar. A nossa classe libertária ainda não identificou o conhecimento como o novo fator de independência do país. Há algo a mais no conhecimento do que se restringir a educação. O conhecimento libertador integra educação-ciência-inovação-vendas. Necessitamos assumir esse desafio. Caso contrário, estacionarmos na Idade Média do atraso.

Falta uma defesa nacional conhecimentista diante da submissão de Brasil Colônia. O Brasil é o país com maior capacidade de aumentar sua produtividade de alimentos, mas é necessário agregar valores e vender. Não apenas exportar como desenvolver seu mercado interno. Ter uma política interna e externa responsáveis.

Ao país falta um novo símbolo de luta. Compreender o significado de conhecimento. A partir de sua bandeira levantar-se diante das imposições geopolíticas internacionais. Estimular seu povo a luta de ir além da produção de commodities. Trazer o sentido de criação para o Brasil. Entretanto, para isto, necessitará sobrepor a atual falência de valores políticos, sociais, econômicos, morais. Época dos burros trágicos.

Por MELK