O Brasileirinho nasce no Brasil profundo. Um lugar de árvores e estrelas onde a civilização ainda não chegou. Os seus Olhinhos abrem para sobreviver. Participar da vida nas circunstâncias que vierem.
Nasce bastardo da civilização. Ela não o acolhe. Não oferece direitos básicos de saúde e educação. O Brasileirinho está no Mundo como um animalzinho de rua. Sem proteção educacional, econômica, social. Nenhum guia para se inserir no espaço psicológico da civilização.
Deus e as estrelas são a única referência ao Brasileirinho. O apoio a dar coragem em enfrentar o Mundo. A percorrer a estrada entre sua alma e as ruas das cidades. O Brasileirinho também quer ser. Quer vencer. Sem ter ido à escola participar da cultura. Resta-lhe fazer sua iluminação da luz de Deus e das estrelas. A sua fonte de viagem pelo espaço psicológico.
O Brasileirinho quer deixar de esfregar o chão e também fazer sua viagem do virtual ao natural. Participar do Caminho da Mente. Encontrar seu direito de vivenciar a folha em branco. Ser um navegador do espaço psicológico. Participar da civilização como se dela não fosse um arrimo. Construir fatos, teorias e tecnologias. Experimentar a caminhada do Universo para o Mundo.
Acorda Brasileirinho, a sua vida é destinada a trabalhar para sobreviver. Pegar a faxina. A cultura da civilização não é para você. A sua caneta é a vassoura. A sua folha em branco é limpar o chão. Esfregão e balde são os instrumentos que a sociedade deixa para você fluir sua imaginação.
O Brasileirinho não desiste. Não quer participar da marcha da insensatez que o Mundo lhe reserva. Ser massa de manobra das loucuras humanas. Ser caixa de lixo. Quer elevar sua mente. Em vez de receptor de fatos distorcidos vindos de uma mídia tendenciosa encontrar a rota aos deuses a partir de símbolos sobre a folha em branco. Participar dessa época em que os braços e pernas são movidos pelo Caminho da Mente. Em que somos o espaço psicológico que caminhamos.
O Brasileirinho não quer ser um papagaio. Estar sempre sendo manipulado. Quer ser despertado ao mistério. Seja dos Livros Sagrados, do Universo, da vida humana. Participar nesta viagem de espaço psicológico que o cosmos oferece ao gênero humano.
Filho da luz de Deus e das estrelas o Brasileirinho não quer ser usado pelo sistema. Quer descobrir como navegar no espaço psicológico. Para quem varreu o chão a vida toda o seu ensejo é o de dirigir a vassoura de uma caneta. Florescer sua vida interior. Falar matemática, colocar símbolos e dizeres sobre a folha em branco, dar uma espiadela no Universo por equações. Se tornar um transformador da realidade. Participar da construção de fatos que conduzem a verdade e a realidade.
A Era do Conhecimento traz o momento quando o homem definitivamente atravessa as leis da biologia e penetra na arquitetura da mente. O Brasileirinho quer se inserir neste processo. Entretanto para participar do direito à consciência o Brasileirinho vai ter de lutar. Insurgir contra o regime colonial de espírito. Libertar dos fatos que o Mundo lhe incute e construir seu próprio encontro com a verdade e a realidade.
Por MELK