Nem Átila, nem Davos

O vice-presidente, general Hamilton Mourão falou que o presidente Jair Bolsonaro iria mostrar no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, que não é ‘Átila, o Huno’. Por sua vez, o presidente-executivo do fórum Klaus Schwab, qualifica que a Quarta Revolução Industrial está nos obrigando a avaliar ‘o grau pelo qual a tecnologia está afetando nossas vidas e remodelando nossos ambientes econômicos, sociais, culturais e humanos’.

Na abertura do fórum, a Oxfam revela a crescente concentração da riqueza mundial. Em seu comunicado anual afirma que em 2018 as 26 pessoas mais ricas do mundo tem 50% da renda das mais pobres (3,8 bilhões de pessoas).

Davos mostra um mundo complexo, mas não aprofunda. Afronta problemas, mas não distingue um novo pensamento. Não consegue propor uma nova forma de condução da História na Era do Conhecimento. Átila é um político do passado, não consegue ir além da visão liberal e contra o marxismo bolivariano. Outrossim, Davos fala dos pobres e defende os ricos. Não assume as causas que fazem com que a dívida dos países e empresas seja de 250 trilhões de dólares, ou seja, cerca de 3 vezes a da economia real.



– Quem vai defender o trabalho, o investimento, a justiça?

Nem Átila nem Davos. Acreditam que o mercado resolve tudo. Átila abandona seu estereótipo de crueldade, ‘o flagelo de deus’ e volta-se a agenda liberal da economia. Conhecido por ser o bárbaro e cruel conquistador da Europa do século 5, retorna ao século 21, submisso a ordem econômica mundial. Átila se acoelhou.

Davos deseja ser um centralizador de ideias e não passa de um calendário anual a mostrar o quanto a economia atual não resolve o mundo. O seu título de 2019 ‘como alimentar 8 bilhões de pessoas’ mostra sua proposta e não solução. Não é um púlpito às novas ideias. Davos só olha para o bolso.

A História atual é um grande vazio. Chegamos a Era do Conhecimento e ninguém consegue levantar a bandeira do conhecimento como o novo elemento da História. É uma época em que também os iluministas não sabem dizer a o que vem. Não conseguem divisar os significados de economia do conhecimento e dialética do conhecimento.

Todos somos transeuntes neste planeta com 7 bilhões de pessoas. Estamos em busca de uma nova lógica. A nova caminhada deve iniciar por um desafio não-econômico. A de abrir os olhos da Humanidade através da subjetivação. A capacidade de interiorização do homem. A se entender que ao lado da biologia de seus braços e pernas o homem possui a psicologia de uma alma a se despertar. Difícil missão. As pessoas estão fragmentadas em sua procura de encher o bolso.

O novo momento está em integrar trabalho, conhecimento e capital. Uma mistura delicada a desafiar a cada nação fazer sua composição. A reforma do Brasil hoje não é a da previdência, fiscal etc, mas a de como introduzir o país na Era do Conhecimento. Essa é a sua lição de casa. A verdadeira reforma está em procurar a nova lógica da Era do Conhecimento.




Nem Átila nem Davos revelam o figurino da Era do Conhecimento. Não apontam ao novo. Ao mundo falta um novo pensamento político associado ao conhecimento. Necessitamos erguer a figura do Conhecimentista. Precisamos aceitar esse desafio. Caso contrário, faremos do planeta um bazar de negócios a se encontrar anualmente em Davos.

Por MELK