Dos muitos desafios que a época enfrenta a novidade está na chegada da Era do Conhecimento. Envolve a nova transformação da Humanidade. Estamos no inicio de uma mudança a respeito de como vivemos, trabalhamos, produzimos e nos relacionamos.

Estamos a criar uma nova sociedade. Vivemos em tempos empolgantes. A ficção científica de ontem está se tornando a realidade de hoje. 5G, IoT, Inteligência Artificial, Big DATA, EDGE computing revolucionam o conjunto de atividades humanas. A questão está em interpretar a estruturação do lado científico, econômico e social deste novo tempo. Da relação capital-trabalho passamos a conhecimento-trabalho-capital.

A Era do Conhecimento nos traz uma economia além da colheita da terra e do manufaturado da indústria. Cada vez mais a abstração humana toma conta das coisas. Os seus produtos começam a serem gerados da folha em branco (telas diversas, papel). Fomos além do plantio de abóboras. Produtos digitalizados são desenvolvidos.

A virtualidade invade o Mundo. A própria ciência já não é mais experimental. Aquele sentido galileano expresso nos últimos 400 anos de revolução científica foi ultrapassado. A simulação toma conta. Atualmente sem prévias equações não existirão medições nem produtos. Sem o fomento da virtualidade a ciência e a economia não se desenvolvem. Precisamos do cultivo da folha em branco.

Após 4,5 bilhões de anos de evolução no planeta Terra:

— Estranhamente o espaço natural começa a se dar conta de um co-irmão: o espaço psicológico!

A Humanidade chega a um momento extraordinário. O da manifestação do homem a partir de sua interioridade. A chegada da Era do Conhecimento traz a presença da consciência. O elemento formador da civilização. Definitivamente, saímos da floresta e identificamos o espírito que nos compõe. Um espírito a nos tornar seres em busca de significado a partir da geração de espaço psicológico.

A procura de significado desafia a questão da formação da riqueza a partir da folha em branco. A descortinar o que é investir dinheiro no cultivo da folha em branco. Estamos na época dos dados, das equações, dos produtos digitais. A entender que capital produzem, quais riscos acontecem. Nesta viagem de espírito, a world wide web foi escrita no CERN e 1001 tecnologias desenvolvidas por empresas.

No entanto, entre o espaço natural e o psicológico existe a métrica da economia. A dizer que, não existe narrativa sem preço. A economia se movimenta através dos produtos que coloca no mercado. Acontece que cada vez mais a origem desses produtos está em símbolos colocados sobre a folha em branco. Uma discussão a ser compreendida pela economia. Dar significado econômico à abstração. A de promover um valor a razão.

Monetarizar a economia vem-se tornando um assunto cada vez mais complexo. O sentido básico da economia está em traduzir as coisas em valor econômico. Isto é fácil para uma salsicha pendurada em secos e molhados, mas, torna-se complicado ao procurarmos precificar o valor de uma equação. Contudo, as propagandas de cartão de crédito já dizem que existem coisas que tem valor, mas não têm preço.

Estamos num momento para os economistas pensarem além dos secos e molhados e da economia financeira. Ditarem uma nova ordem a expressar o significado de riqueza no espectro da Era do Conhecimento. Em vez de ficarem preocupados com os valores das ações no pregão, câmbio, juros fazerem a simples pergunta:

— Quanto vale a lei de Pitágoras?

Os últimos 2500 anos estão a mostrar que equações tem valor, mas não tem preço. Sustentam o crescimento da civilização, mas não recebem nada de volta. Não são identificados nas trocas promovidas pela economia. No passado eram um valor de tirocínio, hoje pertencem ao quadro desenvolvimentista. A Era do Conhecimento contém uma profunda questão aos economistas enfrentarem: a matemática na formação da riqueza.

— Vc consegue ganhar dinheiro sem matemática? – o século 21 pergunta.

Os últimos 150 anos de marxismo evocaram a respeito da exploração do homem pelo homem. Levantando a problemática de que o capital não remunera corretamente o trabalho. Acontece que entramos num novo tempo em que os trabalhadores da folha em branco, os conhecimetistas, não conseguem com que o valor de seus símbolos seja monetarizado.

— Que exploração é essa?

A Era do Conhecimento não é simplesmente o tempo de novas tecnologias. Traz uma nova luta econômica e social. A sua temática não é mais a da exploração da classe operária. Um novo pendulo sucede. O de conhecimentistas não terem o valor de seu trabalho reconhecido pela economia. Enquanto, o feirante recebe um troco de seu peixe, o conhecimentista fica a esperar boas-vontades, principalmente do governo, para receber um trocado.

— Qual a atitude dos economistas sobre a não-precificação das equações?

Existe uma luta conhecimentista a porvir não somente no campo das ideias, como no econômico e social. Analizemos. O confinamento econômico da lei de Pitágoras se tornou uma questão visível em nossa época. Comparemos sob o ângulo entre a Apple e o LHC (laboratório de física de altas energias localizado em Genebra, Suíça). Devido a conseguir vender os seus produtos a Apple é uma empresa avaliada em 2 trilhões de dólares. Enquanto isso, devido a não conseguir vender os seus produtos, o LHC fica a mercê de boas vontades.

— Quem deseja comprar um choque entre prótons?

O mecanismo da Apple está em construir um celular, vender no mercado e reinvestir na próxima geração de celular. Enquanto isso, o LHC chega ao nível de energia de 14 TeV através da colisão de prótons, descobre a origem das massas no Universo, mas, não gera soldo para reinvestir na criação de um novo LHC na energia de 100 TeV. Em suma, a nível econômico fica a um Deus dará.

— A dinâmica da ciência deve ser conduzida por valores de mercado?

Sob o ponto de vista da economia a diferença entre a Apple e o LHC está em que, enquanto uma cria produtos, o outro pré-produtos. Uma gera o iPad, outro a internet. Certamente os produtos da Apple não existiriam se o LHC não tivesse desenvolvido o sistema de transmissão de dados. Antes do peixeiro gritar o preço, alguém projetou sua balança.

Existem dois lados a nos questionar:

— Entre o dinheiro e o significado, onde ficamos?

A economia requer retorno. O seu risco está na linha limítrofe entre investimentos e gastos. O risco da economia está na distância entre o pré-produto não precificado e o produto precificado. Ela tem de enfrentar o deserto do nada até chegar a um produto com valor econômico. Um assunto nada trivial. Não é simples conjugar a geração de espaço psicológico (capacidade de gerar artes, ciência e tecnologia) e colocar seu produto na vitrine.

O LHC possui um grupo de cientistas altamente qualificados. Pessoas capazes de desenvolver instrumentos a fazer medidas na precisão de 10 a menos 22 segundos, o tempo de vida do Higgs. Capacitadíssimos, mas sem a qualidade de vender seu produto. Economicamente, perdem a um vendedor de guarda-chuva. É aí, que vem a questão da economia na Era do Conhecimento.

— Como oferecer emprego a quem cujo produto não gera preço?

Uma questão social se levanta a essa Era do Conhecimento. Se nenhum movimento houver, algo capaz de produzir novas leis, o estabelecimento de preço de um valor oriundo da folha em branco continuará igual aos tempos de Idade Média. Isto é, deixando seu trabalhador isolado numa torre de marfim iluminista.

— Dai-me um preço, que levantarei o Mundo! – diz o capitalismo

Neste desafio a Era do Conhecimento deve se articular. Existe algo mais à economia do que o salário remunerar o trabalho, o capital o juro, o risco o lucro. Os seus inícios estão na geração de espaço psicológico. Em diferentes manifestações de abstração estão os primórdios não apenas das narrativas como da economia. A sua função básica do preço deveria ser o modo a apoiar o homem se aventurar pelas diferentes regiões do espaço psicológico. A possibilitar a sociedade construir projetos com retornos financeiros não-imediatos.

A voz do peixeiro não é a única a ser ouvida chamando um preço. Aos conhecimentistas cabe o grito de insurgência a fazer do capital remunerar o espaço psicológico.

— Permaneceremos numa economia arcaica a desempregar conhecimentistas? — os cientistas do LHC deveriam perguntar.

A Era do Conhecimento exige investimentos em projetos a serem desenvolvidos por uma tela em branco. Gastar 40 bilhões de dólares para ir a Marte, 100 bilhões para um novo LHC. Construir empregos para que as pessoas façam viagens necessárias à criação de pré-produtos. O transistor, o laser, o computador não existiriam se primeiramente não fossem sustentados por equações.

O homem não apenas chegou a Lua como a fritar ovo na panela de Teflon:

— O seu omelete ficou mais saboroso com a viagem à Lua!

Estamos diante de uma nova mentalidade a ser formada. Escutar a voz da História a cochichar:

— Aventurem no seu tempo!

A época traz a questão de investir em conhecimento. Duas possibilidades acontecem. A parasita e a desenvolvimentista. Uma ao colocar dinheiro na mão dos cientistas. Em vez de produtivos se tornarem parasitas. Receberem verbas para acionarem projetos que não terão retorno científico nem econômico. Os ditos cientistas são pródigos em projetos que nunca acabam. Em virtualidades sem realidades. Outra, estimular a criação de coisas até então impensadas. Ninguém imaginava há 150 anos atrás, nem Marx, sobre as inovações eletromagnéticas que atualmente vivemos.

O fato é que a Era do Conhecimento exige uma mudança qualitativa a respeito dos propósitos da economia. O seu objetivo não ser priorizar o financeiro, mas o lucro através da geração de espaço psicológico. Ajudar a criação de Mundo. A mais-valia, o desenvolvimento industrial, a economia financeira nos mostraram formas de gerar lucro.

Caminhos aconteceram, seja pela exploração do trabalho, da geração de produtos tecnológicos, papéis-moedas etc, cada um gerando seus tipos de lucros. O novo desafio volta-se a produção de conhecimento. Apostar no significado de virtualidade.

O novo momento é o de obter retorno econômico através da geração de espaço psicológico. Uma temática a ser entendida por respondendo a questão:

— Quanto vale a lei de Pitágoras?

Colocar o seguinte calor na sociedade:

— Conhecimentistas do Mundo, uni-vos: precifiquem suas equações!

A civilização precisa dar espaço ao trabalho conhecimentista. Permitir com que existam político-econômicamente. Chegamos a época em que o homem começa a ver o Universo pela janela da imaginação. Uma abertura a necessitar o apoio da economia. Sem ela as narrativas permanecerão incubadas.

— Sem arrumar as calças não se entra na Era do Conhecimento.

Criar futuro é coisa para deuses e não para homens. Ao homem cabe cuidar da economia. Numa Era de Conhecimento ela ser entendida como uma atividade de apoio à virtualidade. Estimular coisas previstas mas não vistas. Dar vida a elementos ainda se formando na folha em branco. Uma economia a fazer produtos nascerem além do mundo natural.

Nunca se sabe de onde brotará a riqueza vinda de uma folha em branco. Não é fácil estabelecer, mesmo em padrões científicos, o que deverá acontecer ou não. Contudo, sem pressão social, os governos diminuirão suas verbas para a produção de conhecimento. O pragmatismo dos governos é secos e molhados.

— Os políticos se movem pelo presente, poucos apresentam plano quinquenal.

A nova geopolítica está em como participar da Era do Conhecimento. Uma complexidade a ser defrontada por interligando educação-ciência-inovação-economia. Neste cenário a China propõe sua rota da seda. A Eurásia se levanta. Os 350 anos de predominância ocidental na região e 250 de predomínio anglo-americano-estão chegando ao fim. Os asiáticos aprenderem com a História.

— E a América do Sul?

O nosso continente deveria se qualificar a perceber que a geopolítica atual é a de impor imaginários. Vivemos um momento, que faz com que, procuremos entender as profundas mudanças causadas pelo advento da Era do Conhecimento. É chegada a hora de entender o potencial de cultivo da folha em branco. Entender o significado da guerra das mentes na geração de espaço psicológico. Acionar a presença do conhecimentista sul-americano.

Ouvir a História a nos dizer:

— Esse tempo é teu, conhecimentista!

— E o Brasil?

O Brasil precisa sair de seu teatrinho político. A geração atual precisa resgatar a consciência histórica. Criar uma pauta política a não cair nas armadilhas de polarizações sem sentido. Não vivemos mais os anos 60 a discutir o socialismo, Cuba, a liberdade infinita de Maio 68. O século 21 está trazendo a temática da Era do Conhecimento.

Interessantemente existe uma luz no final do túnel da escuridão brasileira. A de discutir o significado da interrelação entre educação-ciência-inovação-economia. Construir essa interdependência no território brasileiro. A ossatura a permitir com que o país gere suas narrativas. Crie seu próprio espaço psicológico.

Neste desafio estamos. O de que a economia na Era do Conhecimento deve começar pelo significado do confinamento das leis de Pitágoras. Esse ser o impasse para que narrativas proliferem e a sociedade progrida aos moldes da Era do Conhecimento. Admitir que não existe mercado para o valor dos símbolos e necessitamos estabelecer leis que os protejam.

Desta vez, no lugar do operário é necessário um movimento conhecimentista capaz de mostrar o valor de seu trabalho. Não estamos mais em 1848, 1917 ou 1968. Uma nova luta social está para acontecer. Perguntando:

— Quando os conhecimentistas brasileiros despertarão na conjuntura social?

Por Melk

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