Brian Thomas Swimme obteve seu doutorado em Cosmologia Matemática na Universidade de Oregon em 1978. Ensinou na Universidade de Puget Sound por alguns anos antes de se mudar para Nova Iorque para estudar com Thomas Berry no Centro Riverdale de Pesquisa Religiosa. Swimme and Berry iniciaram então uma longa colaboração, cujos frutos incluem “A História do Universo”, escrito em conjunto em 1992. Swimme voltou a dar aulas no Colégio dos Santos Nomes em Oakland, California, onde ensinou por sete anos e escreveu junto com Matthew Fox “Manifesto por uma Civilização Global”. Em 1989 fundou o Centro para a História do Universo no Instituto de Estudos Integrais da Califórnia, onde é professor de Cosmologia. Ele é também o autor de outros livros, como “O Universo é um Dragão Verde”. Swimme viaja frequentemente para falar sobre Cosmologia e Ecologia em várias organizações, inclusive nas Nações Unidas, UNESCO e no Fórum do Estado do Mundo.

Especialista em dinâmica evolutiva do universo, Swimme fê-la o escopo central de seu trabalho de transmitir a nova história do universo – a história da mente expansiva de 14 bilhões de anos de evolução, revelada pelas descobertas científicas das últimas décadas. Swimme conta a história do universo na esperança de que esta grandiosa visão nos catapulte para fora da miopia de nossa mente de primatas.

O abismo todo nutridor

O universo emerge do abismo todo nutridor não só há 15 bilhões de anos atrás, mas a cada momento. Deste abismo, a cada instante, prótons e antiprótons estão irrompendo cintilantes e são subitamente absorvidos para dentro dele. O abismo todo nutridor não é, portanto, uma coisa ou uma coleção de coisas, nem mesmo, estritamente falando, um lugar físico, mas antes um poder que gera e que absorve a existência quando uma coisa desaparece.

A realidade fundamental do universo é este oceano invisível de potencialidade. Se todas as coisas individuais do universo evaporassem, restar-nos-ia um infinito de puro poder generativo.

Cada coisa particular está direta e essencialmente fundada neste abismo todo nutridor. Embora pensemos que nossos corpos estejam densa e completamente preenchendo o espaço que eles ocupam, a investigação cuidadosa da matéria nos mostrou que não é bem assim. O volume das partículas elementares é extremamente menor se comparado ao volume dos átomos que elas formam. Assim, a natureza essencial de qualquer átomo é menos matéria e mais “espaço vazio”. Desta perspectiva elementar podemos começar a ver que a raiz básica de qualquer coisa ou de qualquer ser não é a matéria de que é composto, mas antes a matéria junto com o poder que faz surgir a matéria.

O abismo todo nutridor está agindo incessantemente através do universo. Não é possível encontrar qualquer lugar no universo que esteja fora desta atividade. Mesmo na mais escura região para além da Grande Muralha das galáxias, mesmo no vazio entre os superconglomerados de galáxias, mesmo nas brechas entre as sinapses dos neurônios do cérebro, ocorre um espumamento que não para, uma chama que cintila, um brilho que surge do fundo e um dissolver-se que retorna ao abismo.

A Importância da tradição cosmológica é o seu poder de despertar estas convicções profundas indispensáveis à sabedoria. O conhecimento do abismo todo nutridor é o começo de um processo que atinge sua plenitude na degustação direta. Refletimos durante muito tempo e com muito esforço sobre este assunto como uma forma de nos prepararmos para degustar e sentir as profundezas de uma realidade que sempre esteve presente e, no entanto, era tão sutil que nos escapava.

Pode ser que no próximo milênio as convicções religiosas sejam despertadas e estabelecidas entre os jovens principalmente por estes encontros importantes com os mistérios do universo e só secundariamente pelo estudo das sagradas escrituras. A função da educação se concentrará em aprender a “ler” o universo para que se possa então entrar nele e habitá-lo como um evento de comunhão.

(The Hidden Heart of the Cosmos – Humanity and the New Story, Brian Swimme, Orbis Books, NY, 1996, pp. 100 e 101)

Por Brian Swimme